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Jovem americano gera polêmica e conquista milhões de fãs no Youtube

Ao detonar ícones como Miley Cyrus e "Crepúsculo", Shane Dawson, 21, criou dois dos nove canais com mais assinantes do site
 
New York Times
O Mightlions1 diz que ele é cru. O WorldWalker chama seus vídeos de nojentos. Outros usuários do Youtube dizem que a conta dele deveria ser suspensa por violar os padrões de decência do site; na verdade, “por que a ShaneDawsonTV não foi suspensa” é um dos oito tópicos mais populares no fórum de Youtube Creator’s Corner.
Com certeza, Shane Dawson está fazendo algo bem feito. Ou seus milhões de fãs estariam errados? Esquetes cômicos que incluem um vampiro bebendo sangue de fluxo menstrual podem não ser a ideia mais convencional de diversão, mas se considerarmos que somente esse vídeo teve 6 milhões de exibições, talvez a questão mais apropriada seja: isso importa?
Provavelmente não. No Youtube, que tem menos de cinco anos de funcionamento e usuários subindo 20 horas de vídeo a cada minuto, esse tipo de celebridade online que sustenta uma audiência é um fenômeno bem novo e improvável. Ainda assim, Dawson, 21 anos, conseguiu um séquito leal: seus dois canais do Youtube, ShaneDawsonTV e ShaneDawsonTV2, são o quarto e o nono com mais assinantes de todos os tempos, de acordo com o site. O principal deles tem mais de 1,3 milhão de assinantes, com mais de 249 milhões de exibições dos vídeos.
Ele já tem até uma marca própria de merchandise, vendida em shanedawson.spreadshirt.com, que inclui as camisetas Shanaynay, um dos itens de maior sucesso, baseadas nos personagens mais populares de Dawson. (“Elas dizem aquilo que todos nós pensamos”, explica Dawson.)
Então porque ninguém com mais de 30 anos jamais ouviu falar dessa cara? Robert J. Thompson, fundador e diretor do Centro Bleier de TV e Cultura Popular, na Universidade de Syracuse, observa que apenas no mundo atual, dividido em nichos, um artista pode atrair milhões de seguidores e ainda assim permanecer fora do radar do mainstream.
“Ele é tipo um cruzamento de Ernie Kovacs e a criança mais boca suja do colegial”, diz Thompson. “Não é algo que você assistiria como sua única forma de entretenimento, mas quando quer vídeos para passar o tempo e mandar para outras pessoas, acho que ele atinge esse estilo novo, engraçado e único da internet”.
Ele também tem consistência, algo que, como diz Thompson, é importante para se construir uma marca. Os vídeos de Dawson são bem feitos, para o padrão do Youtube; sua cara de moleque é fácil de ser olhada, e o espectador comum sabe que tipo de humor esperar ali.
E ele é prolífico, postando vídeos novos todo sábado de manhã do seu canal principal. Até agora, já produziu um total de 221 vídeos nos dois canais em mais ou menos dois anos. Os assuntos preferidos vão de perda de peso (Dawson diz que já pesou 150kg e perdeu 68 deles em nove meses) a masturbação, de sua implicância com a série “Crepúsculo” até seus alvos preferidos – Miley Cyrus, Lady Gaga e seu rival no Youtube, o também muito popular Fred, apenas para elencar alguns.
Dawson cresceu num mundo adolescente suburbano no qual blogar vídeos era praticamente um rito de passagem, e as paredes da privacidade mantidas por adultos apenas uma década mais velhos quase não existiam.
Ele não foi a primeira pessoa a perceber que seu show de variedades de um homem só – feito de partes iguais de confissões de um adolescente, sátira pop e um cabelo realmente incrível – poderia ter apelo a uma legião de teens angustiados. Mas ele começou cedo e fez um bom trabalho, usando pouco mais de uma câmera, um laptop e uma necessidade ardente de se comunicar.
“Acho que tomei rapidamente a decisão de falar de forma aberta sobre tudo, e apenas fingi que todas aquelas pessoas assistindo eram amigos íntimos, com quem eu podia dividir coisas honestamente”, diz Dawson numa entrevista por telefone.
Os críticos afirmam que sua popularidade é o motivo para que sua vulgaridade seja perdoada, enquanto outros usuários poderiam ser banidos do site se dissessem o mesmo. O Youtube nega expressamente, sustentando que não existem exceções e que os códigos de conduta do site se aplicam igualmente a todos.
Outros críticos acusam Dawson de fazer “tag loading”, uma técnica para se promover que consiste em marcar os posts com termos populares como “Xbox” ou “Crepúsculo”. Dawson diz não fazer isso de forma proposital. “A questão é: quando as pessoas trapaceiam, elas são pegas. Muitos dos que trapaceavam antes agora não aparecem mais na listagem do Youtube”, diz.
A resposta simpática de sua audiência quando ele perdeu seu emprego, no último ano, por filmar durante o trabalho, ensinou a Dawson quão crucial a honestidade é para seu negócio. “Aquilo me mostrou quantas pessoas se identificavam comigo”, diz. “E me ensinou que, ok, eu preciso continuar fazendo isso”, conta.
Tem sido uma fórmula vencedora, ainda que ninguém saiba melhor que Dawson quão passageiro pode ser esse tipo de fama. A audiência abundante e um contrato de divisão de receitas publicitárias com o Youtube têm feito bem para suas finanças, permitindo a ele, por exemplo, mudar-se da casa de sua mãe para um apartamento em North Hollywood, Los Angeles (EUA), que divide com o irmão mais velho.
Mas autenticidade é algo crucial no mundo do vídeo-blogging, onde as preferências podem ser tão instáveis quanto os próprios jovens que as criam, e “ser um vendido” – de verdade ou na forma como se é percebido – é um caminho certo para o esquecimento.
Assim sendo, ele diz que evita o comportamento “novo rico” típico das celebridades que ele mesmo adora parodiar, colocando a maioria do dinheiro que ganha no banco. De fato, para um adolescente cujos vídeos mais populares incluem encenações de seqüestro e assassinato, ou degustações de sua própria urina, ele se revela bastante maduro numa entrevista. 
Dawson, um autodenominado “cristão sem-julgamentos”, diz nunca ter feito sexo. Também aprendeu sobre os perigos do abuso de tóxicos através de experiências familiares: garante nunca ter tocado álcool ou drogas. “Eu falo bastante sobre essas coisas nos vídoes”, diz. “Mas sou só um cara inocente com uma boca suja, acho.”



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